10 de ago. de 2008

"EIS O CORDEIRO DE DEUS" (Jo 1.29b)

TEXTO MATÉRIA DE CAPA DO INFORMATIVO
DUNAMIS DE MARÇO DE 2008 Nº 12


QUEM É ESTE?

Jesus era tão estranho que todo mundo perguntava: Quem é este? Ora são os escribas e fariseus reunidos em Cafarnaum: “Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados senão só Deus?” (Lc 5.21), ora os que estavam com Ele à mesa na casa de Simão, o fariseu: “Quem é este que até pode perdoar pecados?” (Lc 7.49). Ora são os próprios discípulos em pleno mar da Galiléia: “Quem é este que até os ventos e as ondas repreende, e lhe obedecem?” (Lc 8.25), ora a alvoroçada cidade de Jerusalém no domingo de ramos: “Quem é este?” (Mt 21.10).


Ninguém sabe exatamente quem é Ele, quais as Suas reais dimensões, por que falava e agia de maneira tão incomum. Curioso é que o próprio Jesus também perguntava o que os outros pensavam ou diziam dEle mesmo. Uma vez surpreendeu os discípulos com esta pergunta: “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” E quando eles tentam reproduzir a opinião corrente, o Senhor volta-se para os discípulos e pergunta-lhes de chofre: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16.13-15). Depois, Ele teve a coragem de interpelar até os próprios fariseus: “Que pensais vós do Cristo?” (Mt 22.42).


Há muitas respostas para a pergunta do povo “Quem é este?” e para pergunta de Jesus “Quem sou Eu ?”
A versão mais insistente diz que Ele é João Batista. Um verdadeiro absurdo. João era contemporâneo de Jesus e foi quem O batizou. O tetrarca Herodes pensa desta maneira e não hesita em declarar que Jesus é João Batista decapitado e ressuscitado dos mortos e, por isso, “nele operam forças miraculosas” (Mt 14.2). Outros fazem ligações com o arrebatamento de Elias, ocorrido nove séculos antes (2Re 2.9-11) e afirmam, sem sombra de dúvida, que Jesus é Elias que apareceu (Lc 9.8). Mas há quem prefira dizer que Jesus é Jeremias ou um dos antigos profetas que ressuscitou (Mt 16.14). As respostas são confusas e fantásticas.


Havia também respostas desrespeitosas e ofensivas. “Ele tem demônio”, explicam os judeus (Jo 8.52). “Nós sabemos que esse homem é pecador”, afirmam os fariseus (Jo 9.24). “Ele engana o povo e é embusteiro”, garantem os sacerdotes (Jo 7.12, Mt 27.63). Só porque Jesus anda sobre a superfície líquida do mar, lá pelas três horas da madrugada, em direção ao barco, os próprios discípulos O desconhecem e gritam: “É um fantasma!” (Mt 14.26). E Maria Madalena, na manhã da ressurreição, comete a gafe de confundir Jesus com o jardineiro de José de Arimatéia (Jo 20.14-15).


Foi Pedro, num de seus repentes, quem deu, em síntese, a resposta correta: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jesus, então, replica: “Bem-aventurado é você, Simão, filho de Jonas! Pois isto não lhe foi revelado por carne nem sangue, mas por meu Pai que está nos céus.” (Mt 16.16). Poucos dias depois, Pedro veria a confirmação de suas palavras na cena da transfiguração, ao ouvir a voz que dizia a respeito de Jesus: “Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam a Ele!” (Mt 17.5).


Quando se fez carne, o Verbo se secularizou, isto é, entrou dentro do tempo, e tornou-se visível, palpável e audível. Foi a plenitude do tempo, na concepção paulina, pois marca a chegada dos tempos messiânicos e encerra séculos de espera (Gl 4.4). Neste clímax da história, Deus fez convergir em Jesus “todas as coisas, tanto as do céu como as da terra” (Ef 1.10).


Na verdade, o modo de agir de Jesus Cristo encontra a única explicação naquilo que Ele é realmente. Jesus se comporta naturalmente quando transforma três mil litros de água em vinho, quando alimenta cinco mil homens (sem contar mulheres e crianças) com cinco pães e dois peixes, quando dá respostas audíveis para quem faz perguntas na mente, quando acalma uma tempestade em pleno mar, quando ressuscita mortos ou perdoa pecados. Pois Ele é o verbo que se fez carne (Jo 1.14), o resplendor da glória e a expressão exata de Deus (Hb 1.3), o Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1.29), o único Mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5) e a propiciação pelos pecados do mundo inteiro (1Jo 2.2).
Quem é este?
“Eis o Cordeiro de Deus...” (Jo 1.29b)

Contextualizado por Marcos Aurélio,
texto original revista Ultimato Maio 1995.

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